- Clementina Almeida de Moura -
A CRITICA
 

A artista de Moura utiliza um cromático à volta dos vermelhos cádmios e do azul cobalto escuro, em acordo com as tonalidades de cor do rosto nos sujeitos que ela representa.

Almeida de Moura, confia na sua tela as sensações e emoções do momento, procurando transmitir ao observador as mesmas vibrações que ela reproduz pictóricamente nas suas obras.

Depois de uma análise atentiva das obras, notamos que inconscientemente há uma capacidade de emergir e a necessidade constante de fazer aparecer em superfície os sentimentos que a acompanham no quotidiano, como a melancolia das lembranças passadas, e a alegria do dia novo que chega (os crepúsculos e os pôres-do-sol).

Na obra pictórica de Almeida de Moura notamos uma necessidade extrema de luz, enquanto na paleta utilizada pela artista é uma tonalidade privada de luz intensa, mas concentrada nos vermelhos incendiados e nos azuis.

Muitas vezes na obra de Almeida de Moura aparecem os bustos femininos, representados em diversas posições, de forma elegante e sóbre, com o rosto puro, de cor clara e límpida.

A alegria, a tristeza, a vontade de viver, que interiormente caracteriza a artista não obstante as responsabilidades quotidianas que cada um deve afrontar, são a chave de uma arte que pelas suas diversas facetas pode ser definida "expressionista e ao mesmo tempo informal" com uma breve mas muito acentuada referência à pintura dos anos 20 e 40, pela pincelada e pelo rolo flutuante a uma mão muito hábil no trabalho da cor sobre a tela.

O conjunto da sua obra é magnífico, considerando que uma artista que associa sonhos acordados com uma composição semi-abstracta, tonalidades inflamadas em contraste nítido com as cores da alma artística, (os sujeitos tem muitas vezes os traços idênticos no rosto) imprimido no momento crucial quando a emoção é ressentida.

Uma originalidade particular por numerosas referências às obras históricas pelo cromático adaptado, similares por exemplo à algumas paletas de artistas impressionistas franceses do fim do século XIX, similares igualmente à Arte Nova assim como ao expressionismo de Alberto Burri, pela tonalidade vermelho fogo adaptado pelo autor.

Original, elegante, moderna, a pintura de Clementina Almeida de Moura, contém realmente a mestria técnica necessária à criatividade artística explosiva na representação da vida quotidiana.

Dr. Alessandro Costanza

Sicilia Itália

 

 

Uma verdadeira transmissão de alegria de vida, jogo de formas arredondadas e de cores pastel.

Ela, nos conta as aventuras de mulheres, as caras sem expressão, a luz da aurora e do pôr- do- sol.

A aliança perfeita da pintura a óleo, do pastel e do lápis. Cores contrastantes, um toque de pincel enérgico, as caras em esboço.

Olivier Borne Visite Déco - Art,Archi,Design -Roubaix França

 

 

 

As suas cores; ela as encontra no pôr e no nascer do sol do seu país. Quer dizer os vermelhos quentes como a cor rubi de um velho vinho do porto, os ouros, os pretos ... cores e formas são cúmplices.

Mulheres com traços apenas esboçados, a opulência dos cabelos pretos, se arqueiam, se libertam, evocando a sensualidade, a melancolia, a fragilidade, a ternura, a mulher intemporal em todo o seu esplendor.

La voix du Nord Villeneuve d'Ascq França

 

 

 

O comprimento de onda com a qual a artista entra no mistério, faz nascer uma divergência entre o que parece e o que é. Os corpos parecem encantados, eles se afastam para se unirem de novo num equilíbrio monumental que é o conto que propõe em seguida o sonho.
Desta maneira, a mulher torna-se um poema conceptual, um devir ardente. Um planeta inexplorado, onde o ouro da memória se deixa formar. É um estojo nobre e misterioso, simples e solene. Como um jacto de água no qual se reflete o cosmo. É sobre o rosto cósmico (ponto-luz), que se encontra o dilema admirável : os traços etéreos e a forma delicada que revela um sistema particular no comportamento e no ser.
Clementina Almeida de Moura faz abstracção do esquema natural para adoptar um outro. Os traços se entreabem, com marcas invisíveis. Elas propõem qualquer coisa de inacessível que nos faz penetrar no enigma. Um parêntese austero que propõe o mistério e que nos convida à festa para contemplar a mulher no seu poema iniludível.
A cor é inata à raíz : o vermelho e o violeta com o ouro da pele traduzem o vigor. O azul é o toque sapiêncial. Assim como a forma. Inalterável. O corpo é exposto, terno e austero, sem todavia ser exibido. É um modelo exemplar, uma conformação muito singular entre si mesmo e o outro, no eterno diagonóstico de que os seres saíem frustados. Desta vez não é o caso. A espessura da alma é intransponível, e contudo o rosto provem do interior inacessível que faz permanecer o enigma. A criatura mesmo impõe a mudança entre rosto e rosto. Para obter um efeito de transcendência, o encanto anatómico torna-se irreal e se põe como um carimbo sobre a narração ele mesmo.
De Moura dá ás suas obras um temperamento concreto que passa além das imagens. O perfil contém a essência magnífica do caracter e da alma. Neste sentido, a apologia do rosto é urgente. Ele se esconde e se exprime ao mesmo tempo: é uma canção em surdina, um concerto rarefeito, para obter a ideia que se espera.
A única solução é a ordem, a densidade tonal, a boa direcção do corpo. De um corpo que não é pintado mas que vive. É uma introdução autêntica. Um acordar progressivo. Uma vitalidade imprimida de luz, que esconde e que revela, que favoriza e que anula. Comparando ao nascer e ao pôr do sol, sem desaparecer, os perfis da terra sombreados persistem.
De Moura utiliza o ouro do dia nos seus rostos estéticos. Os braços são, eles também fundidos no metal precioso. Eles são a defesa, um enredado vigoroso, que afasta e que atrai.
Há um sistema emblemático na composição, que saí dos hábitos e que revela uma capacidade descritiva, não sómente académica. De Moura utiliza a feminidade e a solenidade cósmica, onde os princípios indicam o inexorável, inerente à criatura, ao microcosmo no macrocosmo.
Os corpos ligam-se elegantemente na sua doçura tranquila, na dança ou na meditação. São símbolos vitais num contesto de luz que faz explodir tudo num abraço admirável com a história. A narração é excelente. Ela fascina. Eis o essencial mesmo da pintura. Graças a um estilo pessoal ela transforma uma música penetrante e invasora, que se enrola num chale ao compasso de um samba, ao diagonóstico de si. Eis o motivo principal do enigma-rosto.


Maria Teresa Palitta

Crítica de arte (Roma Itália)


 

 

As obras recentes de Clementina Almeida de Moura consistem, o que se podia descrever como um enigma pictural. As figuras humanas, mulheres quase sempre, os rostos de traços ausentes ou apenas esboçados em algumas sombras, um apontamento de nariz, de sobrancelhas, de lábios. Os fundos onde os azuís, os ocres, os vermelhos, certos verdes nos fazem lembrar uma paisagem, também esboçada, tocada sómente pela evocação dessas tonalidades. A menos que a artista não retome tal ou tal elemento da realidade à semelhança das suas personagens, presente, ela também apenas pela alusão.
E todavia, as suas mulheres nos interpelam. Pela sua beleza, sua graça e seus cabelos, certo. Mas também e bastante paradoxalmente pela sua personalidade e pela sua presença. A ausência do rosto não prejudica em nada a impressão de uma realidade subjectiva, de uma história vivida. Cada uma destas figuras se impõe pela sua individualidade. Certas silhuetas evocam a sensualidade, outras uma certa melancolia. Toda uma gama de atitudes, de sentimentos e de expressões habtam essas personagens aureoladas do mistério do anónimato. Sua beleza intemporal tira seus enfeites na evidência das atitudes, no pálido das carnações, na opulência das cabeleiras e na simplicidade do vestuário. A artista recorre às cores em contraste para os fundos e certos detalhes. Esta procura cromática que passa pelos tons vivos e misturados é a única encenação que se autoriza a pintora. Visto que a preocupação essencial não é de criar enigmas ou de dar lugar a interpretações múltiplas. Mas de dar uma certa imagem do belo. E cada um pode ver refletir-se um rosto conhecido ou esperado, um desejo, uma ideia, um ser de carne ou um fantasma do passado .


D.Paternoste

(Art in Belgium)

 

 

Tu olhas o outro como um amigo e com as cores quentes e fortes, com gestos doces e delicados, tu abraça-lo com um sorriso cheio de confidências no que é a tua certeza o humano é possível ; e eu reencontro o meu caminho, o meu desafio a minha esperança.

A.J.Almeida de Moura

 

 

O sentido de beleza, esta beleza absoluta que se esconde nas coisas mais simples, apanha-la e a transferi-la ; eis a motivação de base e o leitmotiv das suas obras. As origens da inspiração são inevitávelmente momentos da vida de todos os dias, das experiências e dos sonhos, de alguns países, regiões ou épocas, uma sorte de argumento pela vida e uma rejeição da morte desta simplicidade tão bela.

R. Haesaerts

 

 

Exprimindo-se através de formas simples, combinando abstracção e figuração através de uma paleta muito colorida, esta artista nos leva a um mundo fascinante, intímo e robusto.
Notáveis são particularmente os seus rostos de mulher onde os traços nos aparecem muitas vezes como uma filigrana, levando o espectador a se envolver ele mesmo na obra, onde a subtíl composição torna finalmente o conteúdo mais rico.
Um universo a descobrir.. Estes rostos de mulher sem traços, intrigam e ultrapassam o aspecto pictural da obra. Eles nos levam a querer compreender o último objectivo e o raciocínio da artista. Eles apresentam o conjunto mais subtil e o conteúdo mais rico.


W. Boon

 

No final da exposição em VICENZA (Itália) à memória de Ludwig van Beethoven, eis um elogio à participação de Clementina Almeida de Moura.
Portuguesa Clementina Almeida de Moura que participa, da Bélgica onde vive, na exposição em memória de Ludwig van Beethoven organizada pelo Movimento Artístico do Século XXI em Vicenza. Ela é antes de mais uma artista de rara elegância descritiva, de um dom onde se misturam imaginação, creatividade e uma considerável capacidade de contemplação. Estes são dons em parte espontâneos, mas em grande parte fruto, para citar Giacomo Leopardi, de um estudo intenso.
Natural do Porto, licenciou-se em pintura na École d’Art António Arroio em Lisboa, prosseguiu os seus estudos na Faculdade de Belas Artes da Universidade da capital portuguesa e obteve também o Diploma em Artes Visuais.
O trabalho que está exposto nesta ocasião na Galeria ART.U' de Vicenza tem um título com uma clara impressão beethoveniana, "La Pastorale", que é também a denominação tradicional da Sexta Sinfonia do gênio de Bonn. Além disso, a autora nota que os ancestrais do músico são originários de um local próximo à sua residência actual. Beethoven era um grande admirador da natureza, em parte instintivamente e em parte pelas sugestões kantianas na estética, que segundo o pensador de Königsberg nos fenômenos naturais poderia atingir o sublime. A este respeito, devemos acrescentar que a pintora identifica a relação entre a música da Sexta e os ruídos da criação numa tonalidade expressionista, ou seja, marcada não pela imitação, mas pelo desejo de expressar as reacções íntimas da alma às sugestões do mundo exterior.
O próprio Beethoven abandonou o papel de mero utilizador, esperando que as árvores e as rochas intuissem e reproduzissem os sentimentos do homem e não o contrário. Por sua vez, Clementina Almeida de Moura espera entrar no coração das árvores munida de um lápis e papel para anotar as harmonias solenes da criação. A pintura tenta concretizar este desejo em termos visuais e fá-lo esboçando elegantes harmonias cromáticas traduzidas em símbolos altamente sugestivos com cores que devemos considerar dignas de Maurice de Vlaminck, pela escolha de cores desprovidas de realismo e cheias de sugestões espirituais

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Prof. Aldo Maria Pero

 
 

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